Desafios da Transformação Sustentável: Entenda qual é a maior dificuldade das empresas brasileiras para o ESG (e como superá-lo)

Em recente pesquisa de Índice de Maturidade de Asseguração ESG pela KPMG, 42% dos líderes brasileiros afirmam que possuem a mesma dificuldade para atingir metas de asseguração em ESG.

O que é ESG?

Antes de adentrarmos a questão central deste artigo, faz-se necessária uma breve explicação sobre os conceitos de ESG e seus benefícios. O ESG teve início em 2004 em uma publicação do Banco Mundial em parceria com o Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU) e instituições financeiras de 9 países, chamada Who Cares Wins. A proposta do ESG era obter no início respostas dos bancos sobre como integrar os fatores ESG ao mercado de capitais. Assim, nessa época as grandes instituições começaram a perceber que a forma de atuação das empresas poderia trazer consequências drásticas para o meio ambiente e para a sociedade. 

 

 

O ESG possui três métricas: Ambiental, Social e Governança. O aspecto ambiental significa que a empresa deve zelar pelo meio ambiente e implementar medidas de proteção ao meio ambiente, são medidas como: analisar e buscar diminuir a emissão de gases que contribuem para o efeito estufa, diminuir desperdícios de recursos, entre outros. O aspecto Social significa que as empresas devem ter uma responsabilidade social em sua atuação, de forma a proporcionar boas condições de trabalho, estimular políticas de inclusão e diversidade, entre outros fatores. Já no que se refere a Governança a empresa deve possuir um conselho de administração que é independente para a análise de dilemas éticos. Além disso, a empresa deve garantir remuneração justa para todos, bem como a empresa deve implementar mecanismos para seguir condutas éticas e anticorrupção nos negócios.

A importância do ESG

Diante das métricas expostas no tópico anterior, resta claro que o ESG traz uma série de benefícios para a sociedade nas esferas social, governança e meio ambiente. Além da importância do impacto sustentável positivo, o ESG já se tornou um elemento essencial para a análise de investidores, que entendem o ESG como um mecanismo de mitigação de riscos (ambientais, sociais e de governança). 

 

Além disso, o ESG é um indicativo de boa performance financeira, visto que diversos estudos têm demonstrado que empresas com asseguração em ESG tem maiores resultados financeiros. Do ponto de vista de Branding, o ESG é capaz de auxiliar na promoção da reputação da empresa perante o mercado ao divulgar as suas ações sustentáveis. Consequentemente, a empresa é capaz de atrair e reter jovens talentos que possuem os valores semelhantes com a empresa, além de atrair consumidores no mesmo sentido. 

 

O ESG ganhou tanta força que a ONU ampliou a sua implantação, que é  iniciativa da ONU que ficou conhecida como Pacto Global, iniciativa totalmente voluntária que fornece diretrizes para a formação do crescimento sustentável e da cidadania, por meio de lideranças corporativas comprometidas e inovadoras (hoje a iniciativa conta com mais de mais de 16 mil membros entre empresas e organizações).

Dificuldades da Asseguração em ESG

Com o ESG ganhando cada vez mais espaço, os negócios e formas de investimento estão mudando e já convergem muito para o ESG. Fato este que leva a uma série de benefícios, mas traz consigo também uma série de desafios para os profissionais da área. Recentemente a KPMG lançou o 1º índice de maturidade de asseguração em ESG que analisou empresas no mundo inteiro no ano de 2023. A pesquisa analisou 750 empresas ao total, sendo 66 delas empresas brasileiras de ramos diversos como energia, varejo, saúde, entre outros. 

 

A pesquisa apontou que mais de 85% dos respondentes brasileiros se sentem prontos para a asseguração em ESG, sendo que 75% relataram que suas empresas não possuem políticas e procedimentos robustos para ações voltadas para ESG. Ainda, 42% dos respondentes relataram que o maior desafio é alinhar as metas de asseguração em ESG com as expectativas de lucro dos acionistas.

Causas da Dificuldade

Um dos motivos para justificar o desafio de equilibrar as metas com o lucro  esperado, pode estar vinculado a investimentos em curto e longo prazo e a expectativa de acionistas. Segundo a McKinsey, muitas empresas são cobradas para gerar lucros altos em curto prazo diante de investimentos, no entanto, os investimentos em ESG podem levar um longo prazo para apresentarem retornos. Dessa forma, com a pressão de visualizar um retorno sobre investimento a curto prazo, o ESG pode acabar sendo visto como um custo adicional.

 

Na mesma linha do argumento acima, a McKinsey também expõem que o ESG pode gerar gastos altos a depender do segmento em que a empresa está inserida e na decisão de ações a serem tomadas. Gastos e ações diferentes podem mudar a forma como a empresa opera, o que pode gerar também resistência para os colaboradores e para os acionistas. Quando colocamos esse argumento sob a lente de mercados tradicionais, como o Brasil, é ainda mais comum o encontro de resistência à mudança e o ideal de busca de lucros a curto prazo.

Como Superar os Desafios

Triple Bottom Line

Para superar os desafios, em especial ao equilíbrio entre as metas de asseguração em ESG e a expectativa dos investidores, a “educação” e “integração com a estratégia corporativa” são os termos-chave. Segundo a McKinsey, as empresas devem adotar a estratégia “triple bottom line”, que diz respeito a métricas e KPIs voltadas para os aspectos financeiros, sociais e ambientais. Tais metas devem ser integradas na estratégia da empresa, de forma que as metas de sustentabilidade devem estar claramente ligadas a metas financeiras a longo prazo. Dessa forma, os Stakeholders são capazes de compreender os benefícios do ESG de forma mais assertiva. 

 

Vale apontar que a prática de integrar KPIs de ESG no Planejamento Estratégico da empresa deve ser pensada junto com os princípios da transparência e da prestação de contas. É essencial ter um Reporte periódico transparente sobre o progresso das iniciativas, impactos gerados e uso de investimentos. Essa prática além de ser capaz de demonstrar os benefícios do ESG, é capaz de fortalecer relações de confiança com os acionistas.

 

Por fim, mas não menos importante, é imprescindível que os processos considerados de Alto Risco estejam acompanhados de um Relatório de Impacto de Dados, conforme exigido pela LGPD. Desta forma, convido a todos para conhecer a Plataforma de LGPD da Be, pois ela oferece suporte ao Encarregado de Dados (DPO), possibilitando a geração automática deste documento, facilitando o cumprimento das obrigações legais e regulamentares.

Educação

A Responsible Investor sugere também, que uma das estratégias que a empresa pode adotar é a educação de acionistas e stakeholders. Apesar do termo “ESG” ter nascido por volta de 2004, o termo pode ainda ser novo para stakeholders ou ainda ser entendido como um “modismo”. Assim, promover o amplo diálogo sobre assunto, como treinamentos e workshops com foco no potencial do ESG em mitigar riscos e aumentar lucros a longo prazo é crucial para promover o aprendizado. Com a desmistificação do termo e exemplos práticos sobre os benefícios do ESG os acionistas terão uma visão mais clara das iniciativas e serão capazes de apoiá-las.

Conclusão

Pelo exposto, restou claro que a transformação sustentável, apoiada nos pilares do ESG, é um caminho repleto de desafios, mas também de oportunidades, especialmente no que se refere a aumento de lucros, retenção de talentos, aumento da reputação empresarial, mitigação de riscos e ampliação de mercados. Conforme exposto, no cenário brasileiro, a maior dificuldade se encontra no alinhamento de metas de ESG com as expectativas de lucro dos acionistas.

 

Com esse artigo foi possível compreender que algumas causas de tal desafio se encontram na expectativa de lucros a curto prazo por acionistas (expectativa que vai contra os investimentos em ESG, que geralmente retornam apenas em longo prazo). Apesar do desafio ser grande, foi possível encontrar soluções para superá-lo com as táticas de educação e integração das metas de ESG no planejamento estratégico da empresa (metas essas, alinhadas a ganhos financeiros a longo prazo). Ademais, ambas as soluções propostas devem ser respaldadas sob a égide da transparência e da ampla comunicação.

 

Por fim, visto que o ESG é capaz de trazer grandes benefícios para stakeholders e para a sociedade de forma geral, apesar de seus desafios, é essencial que as empresas comecem a ter estratégias claras para o ESG. Para apoiar a transformação sustentável, a Be Compliance possui uma plataforma completa para o desenvolvimento e acompanhamento de planos de ação, riscos e gestão da conformidade de forma geral. Agende uma demonstração em www.becompliance.com.

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